Viajando por Honduras
segunda-feira, 14 de maio de 2007
Quando chegamos à Tegucigalpa, estava quase anoitecendo. Foi o trânsito mais desordenado e confuso que vimos em toda viagem. Pessoas gritando de todo lado, vans disputando passageiros com ônibus, pessoas disputando um espaço nas ruas com os veículos, fios de energia elétrica emaranhados de uma forma que nunca tínhamos visto. Enfim, uma bagunça geral. Nunca havia imaginado Tegucigalpa assim. Mas Honduras é um dos países mais pobres e menos desenvolvidos da América Latina.
A nossa idéia, desde cedo, era sair de Tegucigalpa após o almoço para Copán Ruinas, mas um rapaz que trabalhava no hotel desencorajou-nos dizendo que não havia ônibus à tarde e que só havia uma empresa que vendia passagens para lá. Eu resolvi insistir e pedi ao Ricardo que ligasse para uma empresa de ônibus. Fomos, então, a um “centro de llamadas” (chamadas, ligações). Descobrimos que havia um ônibus da empresa Hedman Alas, que saía às 13h30. No nosso relógio, já eram 12h40. Corremos para o hotel e pegamos as malas que, sempre, deixávamos prontas antes de sair. Pegamos um táxi e fomos ao terminal. Chegamos em cima da hora.
Em Copán Ruinas
O ônibus da Hedman Alas que pegamos em Tegucigalpa deixou-nos no terminal da empresa em Copán. Já era tarde da noite e ficava um pouco distante do centro da cidade. Havia um senhor oferecendo pousada para ficar, com “cuarto matrimonial” e “água caliente” por U$ 15, e ainda nos levaria de carro até lá sem cobrar nada. Aceitamos. A pousada era nova, construída há um mês. Ficamos, mas pagamos por um quarto um pouco maior – U$ 20. Tinha TV e ventilador. Novamente, problemas com a água. Tivemos que trocar de quarto para tomar um banho quente, um dos poucos com esse privilégio na viagem.
Dali, seguimos para o hotel, pois iríamos pegar um ônibus às 13h para Antigua, na Guatemala. A maneira mais fácil de entrar no país vizinho é por Copán Ruinas.
Antes, precisávamos usar a internet, porém descobrimos que a cidade estava sem luz. No hotel, nem água tinha. Tivemos que tomar banho de balde e de água fria. Honduras enfrenta sérios problemas de abastecimento deágua. Em Tegucigalpa, também faltou água no dia em que deixamos o hotel para ir a Copán.
Almoçamos em um restaurante, ao lado do hotel, chamado Llama del Bosque. Pagamos US$ 4 cada um. Não muito barato, mas rápido e com ótima comida.
Indo a Guatemala e voltando para Honduras
Depois de passar um dia em Antigua, na Guatemala (apenas 13 km separam Copán Ruinas da fronteira com esse país), voltamos a Copán Ruinas para pegar um ônibus com destino a La Ceiba e, de lá, um barco para Utila, em Bay Islands. Fomos pela empresa Hedmam Alas novamente. Saímos de Copán às 11h30 e chegamos a La Ceiba às 18h30. Mas antes uma parada em San Pedro Sula (a cidade é bonitinha, desenvolvida e bem mais limpa que Tegucigalpa) para trocarmos de ônibus e, assim, seguir viagem. O almoço foi dentro do ônibus. Compramos uma quentinha na estação. Boa e barata, com frango, feijão e arroz. O lanche, distribuído no ônibus (sanduíche), foi guardado para mais tarde.
Utila
Cuidado: quando for pegar um táxi do centro de La Ceiba para o terminal de onde saem os barcos para as ilhas, não entre no carro sem perguntar o preço antes. Teve um “louco” que quis nos cobrar US$ 50. Não podem ver turistas, que querem nos extorquir. A viagem vale US$ 7, não nada mais.
Para qualquer lado da ilha existem praias com recifes de corais para a alegria dos mergulhadores. Uma das praias é paga: US$ 3.
Alerta importante: não deixe de levar repelente. Os mosquitos são uma constante em toda a América Central, mas em Utila são bem piores. É realmente impossível dormir em um quarto sem ventilador. No nosso quarto, por exemplo, havia dois: um de teto e um no chão.
Outras ilhas
Roatán
De La Ceiba, pegamos um ônibus para San Pedro Sula (saindo do terminal em frente ao Mercado San José, a passagem custa 5 dólares e a empresa opera das 5h30 da manhã às 17h30) e, de lá, um microônibus para Puerto Cortés, de onde pegaríamos um barco para Dangriga, em Belize. Era o único jeito de sairmos de Honduras e entrarmos em Belize. A sorte é que de San Pedro Sula para Puerto Cortés saem transportes a cada 20 minutos. Nesse dia, foi muito corrido e ficamos novamente sem almoço, comendo somente biscoitos. São muitos terminais de ônibus e muita gente, o que vira uma bagunça geral. Chegamos em San Pedro Sula por volta das 11h30 e às 12h15 já estávamos dentro da Van para irmos a Puerto Cortés, na qual chegamos no meio da tarde.
Na estrada, uma parada para ir ao banheiro e beber água. Pela primeira vez, vimos água sendo vendida em saquinhos plásticos. Os vendedores colocam água nesse saco e dão um nó. Entramos na lanchonete com a esperança de comprar uma garrafa de água mineral e, para nosso espanto, só havia os “saquinhos” também. Não tivemos coragem de comprá-la. Ficamos com sede mesmo.
Precisávamos trocar os dólares e pedir informações sobre uma agência chamada Gulf Cruz, que venderia tíquetes para uma viagem de barco para Belize. O escritório não existe mais. Tentamos ver a possibilidade de irmos de avião para o México, sem passar por Belize, mas sem chance. Não tinha voos naquele dia, além de custar muito caro. O jeito era ir de barco mesmo.
Fomos, então, ao mercado, à internet e almoçamos por volta das 17h (quase jantar). O restaurante é ótimo, na beira do rio, com um bom atendimento e decorado com fotos e bandeiras de vários países. A do Brasil estava lá. Pedimos um peixe e, enquanto esperávamos, tiramos fotos de uns meninos que se jogavam da ponte para nadar.
Depois do almoço, perguntamos ao garçom se era possível ir a uma vila garífuna àquela hora. Sabíamos que havia algumas nas proximidades. Então, pegamos um táxi que passeou conosco. O passeio foi barato, deve ter custado uns US$ 10. Já era noite, quando retornamos ao hotel.
Garífunas ou negros caribenhos
Os garífunas, ou negros caribenhos, são descendentes de escravos trazidos da África no século XVII, por navios ingleses e espanhóis. Algumas vezes, estes barcos naufragavam e os escravos escapavam. Outros eram libertados por seus donos. Muitos deles estabeleceram-se na Ilha de São Vicente (nas Pequenas Antilhas), quando se misturaram com os índios caribenhos. E alguns foram para o continente e estabeleceram-se em vilas ao longo das costas de Belize, Honduras e Guatemala.
Visto